sábado, 21 de novembro de 2009

Cronica humoristica nilson rodrigues

"Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante"Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro.Só não estamos de quatro, urrando no bosque, porque o sentimento de culpa nos salva.No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.A morte de um velho amigo é uma catástrofe na memória. Todas nossas relações com o passado ficam alteradas.Deus só freqüenta as igrejas vazias.Copacabana vive, por semana, sete domingos.Não ama seu marido? Pois ame alguém, e já. Não perca tempo, minha senhora!A fome é mansa e casta. Quem não come não ama, nem odeia.Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar de batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um são Francisco de Assis, com a luva de borracha e um passarinho em cada ombro.A verdadeira grã-fina tem a aridez de três desertos.No passado, a notícia e o fato eram simultâneos. O atropelado acabava de estrebuchar na página do jornal.Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.Nossa ficção é cega para o cio nacional. Por exemplo: não há, na obra do Guimarães Rosa, uma só curra.Os magros só deviam amar vestidos, e nunca no claro.Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora.O cardiologista não tem, como o analista, dez anos para curar o doente. Ou melhor: - dez anos para não curar. Não há no enfarte a paciência das neurosesNão há ninguém mais vago, mais irrelevante, mais contínuo do que o ex-ministro.Nunca a mulher foi menos amada do que em nossos dias.O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento.Enquanto um sábio negro não puder ser nosso embaixador em Paris, nós seremos o pré-Brasil.Se eu tivesse que dar um conselho, diria aos mais jovens: - não façam literatice. O brasileiro é fascinado pelo chocalho da palavra.Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos.Quero crer que certas épocas são doentes mentais. Por exemplo: - a nossa.Sexo é para operário.Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista.

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